sexta-feira, 31 de julho de 2009

Caixa disponibiliza composições do Sinapi

1- A Caixa Econômica Federal disponibilizou o acesso às composições analíticas de 3.200 serviços do Sinapi (Sistema Nacional de Pesquisa de Custos e Índices da Construção Civil).
2- O Sinapi é utilizado pelo banco para calcular os preços unitários dos serviços de obras contratadas com recursos do Orçamento Geral da União, como os projetos do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e do programa "Minha Casa, Minha Vida".
3- No início de julho, a Caixa havia firmado compromisso com representantes da Casa Civil, do Ministério das Cidades e da Comissão de Obras Públicas da CBIC (Câmara Brasileira da Indústria da Construção) para divulgar as composições até o final do mês.
4- Para acesso às composições analíticas e siga o passo a passo a seguir:
a) Escolha a localidade e clique em Selecionar;
b) Vá em Pesquisar, no lado superior esquerdo da tela, e clique no item Composição;
c) Insira o código ou palavra-chave para a busca da composição e clique em Pesquisar.
d) Clique na composição desejada;
e) Desça a barra de rolagem e, no final da página, clique em Itens e Coeficientes para ver
a composição detalhada

segunda-feira, 13 de julho de 2009

Como comprar e receber concreto

Especialista aponta os principais erros cometidos nas etapas de compra e recebimento de concreto e o que fazer para evitá-los

Antonio Domingues de Figueiredo, engenheiro civil e professor doutor da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP). Colaborador da International Tunnelling Association e coordenador técnico do Comitê Brasileiro de Túneis da Associação Brasileira de Mecânica dos Solos, atua principalmente nas áreas relacionadas ao controle da qualidade e concretos especiais.
Quais são os pontos críticos na compra e recebimento de concreto?
A resistência do concreto é verificada somente após 28 dias de idade. Ou seja, ao contrário de outros materiais estruturais, que chegam à obra já aprovados por um programa de controle da qualidade, o concreto não tem como ser previamente qualificado. Quando se aceita o concreto na obra, está implícito um risco, cuja administração não é a das mais fáceis. A conformidade de um material estrutural em relação aos requisitos de projeto é imprescindível. Obviamente, um concreto não-conforme em um andar de um edifício, no momento em que outros três andares já foram executados acima dele, não é um problema de solução simples e barata.
E como evitar problemas?
Tudo começa no próprio projeto e na especificação do material. No entanto, muitos problemas podem ocorrer se o projetista não especificar requisitos com bom embasamento nos fundamentos tecnológicos. Como, por exemplo, especificar um concreto de 20 MPa com uma relação água/cimento máxima de 0,45, o que é tecnologicamente incompatível. A própria norma NBR 6118 [Projeto de Estruturas de Concreto] já estabelece parâmetros no sentido de se evitar esse tipo de equívoco.

Comprar pelo menor custo é uma prática recorrente?
Hoje o fornecedor de concreto é encarado pela construtora como um "adversário", que deve ser pressionado no sentido de reduzir a um limite mínimo o custo unitário do concreto. Por outro lado, o fornecedor procura se armar para se defender da pressão do mercado e da concorrência no sentido de manter o negócio viável e atingir as suas metas. Assim, aspectos tecnológicos importantes caem para segundo plano, gerando um risco muito maior de não-conformidades na obra.

Como é, na prática, a interface entre projetistas, construtores e concreteiras?
Em geral, a boa comunicação entre eles não ocorre. Infelizmente, é muito frequente que esse tipo de contato seja meramente comercial, ou seja, verifica-se o custo simplesmente. Esse problema começa na própria especificação que, em muitos casos, é bem simplista. Também ocorre a especificação de determinadas características, como o módulo de elasticidade, por exemplo, baseado exclusivamente nas equações empíricas previstas em normas. Mas elas foram obtidas em um período no qual não se utilizava tanto concreto bombeado e os valores de resistência eram menores.

E quais são as consequências dessa falta de comunicação?
É muito frequente a ocorrência da não-conformidade do concreto no requisito resistência.

Que critérios devem ser observados ao escolher a concreteira?
Verificar a qualidade do apoio técnico disponibilizado é fundamental. A venda do concreto precisa ser bem acompanhada tecnicamente. Fora isso, é imprescindível verificar a carteira de clientes que a empresa tem e fazer um contato direto com eles para checar o grau de satisfação, principalmente o daqueles cujo perfil de consumo de concreto é similar ao seu. Outro ponto importante é avaliar a atualização da certificação da empresa e a política adotada por ela.

Ao fazer o pedido, que informações o construtor deve fornecer à concreteira?
Todas as informações técnicas exigidas para o concreto, tais como abatimento, resistência característica, diâmetro máximo do agregado, relação água/cimento máxima etc. Outro item crucial é garantir um bom planejamento da concretagem de modo a evitar desperdícios e atrasos. Não se pode esquecer que o concreto é um produto perecível e deve ser aplicado respeitando rigorosamente os tempos disponíveis para seu uso.

Será possível eliminar a verificação da performance do concreto aplicado?
Não há como eliminar o controle de recebimento do produto. O que as construtoras querem é reduzir os custos de ensaio em geral, reduzindo o controle da qualidade. Isso vai contra os princípios básicos da engenharia. O controle de recepção do concreto só pode ser eliminado quando são utilizados pré-fabricados e em situações nas quais o controle de produção for concatenado com o de recepção.
Por Gisele C. Cichinelli (Artigo publicado no site:www.construcaomercado.com.br