Concreto resistente e barato
A produção de concreto de alta
resistência, com menor impacto ambiental e custo reduzido acaba de ser obtida
em uma pesquisa desenvolvida na Escola de Engenharia de São Carlos (EESC) da
USP.
"A pesquisa teve como
objetivo buscar tecnologia que possibilitasse um concreto autoadensável, com
baixo consumo de cimento Portland, e de alta resistência", conta Tobias
Pereira, que desenvolveu o trabalho em conjunto com o professor Jefferson
Libório.
Segundo ele, a fórmula - fcm = 65
MPa aos 28 dias - significa que o concreto pudesse, em 28 dias, suportar a
compressão de 65 Mpa (megapascal - valor que expressa resistência à compressão)
e, por fim, ainda viesse a ter alta durabilidade.
Resistência do concreto
Para a realização desta pesquisa,
o engenheiro utilizou modelos teóricos e práticos de distribuição
granulométrica dos tamanhos de partículas para a composição do concreto, além
de um aditivo superplastificante composto por policarboxílicos, que permite que
o concreto se torne mais fluido sem adicionar muita água, e de adições minerais
correspondendo a 10% da massa de cimento Portland adicionado.
Em geral, a recomendação de uso
de altas quantidades de cimento Portland ocorre devido à necessidade de alta
resistência do concreto, por exemplo, em pilares de edifícios altos ou em peças
de sustentação em grandes vãos.
Porém, altas quantidades de
cimento aumentam o calor de hidratação, ocasionado pela reação química entre o
cimento e a água. Este calor, quando liberado,atua aumentando a temperatura do
concreto, que se expande e acaba por ter maior propensão a rachar, o que
implica na diminuição da resistência mecânica e na possibilidade de penetração
de água ou infiltração de umidade do meio ambiente.
Na produção de concreto, 90% do
CO2 vem da fabricação do cimento Portland
Redução do impacto ambiental
O maior problema quanto ao uso do
cimento Portland em altas porcentagens é que atribui à produção de concreto a
característica de vilã ambiental, pois implica na produção de 90% de gás
carbônico da indústria de concreto.
O pesquisador explica que,
"a intenção era produzir um concreto que utilizasse apenas 350 quilos por
metro cúbico (kg/m³) do cimento Portland, bem menos do que os 500 Kg/m³ de um
concreto tradicional. Mas os resultados encontrados foram até melhores, porque
mais baixos, chegaram a apenas 325 kg/m³."
Esta redução na quantidade de
cimento sinaliza a possibilidade da diminuição da produção de cimento e,
consequentemente, a diminuição de emissão de gás carbônico e menor impacto
ambiental. Além do barateamento da produção de concreto".
Concreto com fibras e lã de
rocha
A mais na composição,
diferenciando-se de um concreto tradicional, foram utilizadas fibras de
poliamida ou lã de rocha.
Os resultados foram melhores do
que os esperados, pois "em um concreto tradicional, em caso de incêndios,
a água que permeia o concreto se expande em forma de gás e há a possibilidade
de explosão.
Porém, havendo a fibra de
poliamida, esta derrete formando canalículos que acabam por auxiliar na
liberação do vapor, diminuindo a possibilidade de explosão." afirma o
pesquisador.
Já ao se adicionar lã de rocha, a
surpresa foi ainda maior porque "apesar de não contribuir para diminuir a
possibilidade de explosão do concreto em situações de incêndio, observou-se que
esse tipo de fibra contribui para aumentar a resistência à abrasão do concreto,
ou seja, diminuir a possibilidade de erosão.
Este resultado indica que
concretos com esse tipo de fibra podem ser uma boa opção para aplicá-los em
pavimentos", acrescenta o pesquisador.
Concreto autoadensável
Um dos processos durante a
produção do concreto é denominado vibração, ela é essencial para a retirada de
ar aprisionado da massa e também para tornar o concreto mais homogêneo ao
preencher as fôrmas e envolver as armaduras.
O engenheiro ressalta, no
entanto, que o concreto obtido por meio do estudo "é autoadensável e não
necessita ser vibrado para que tome forma, ele acaba por se moldar às formas
com o próprio peso."
A ausência da vibração elimina
uma etapa da moldagem do concreto o que consequentemente gera redução do tempo
de construção e do custo de fabricação.
Fonte: Agência USP
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