terça-feira, 15 de abril de 2008

ANÁLISE DOS DESABAMENTOS DE PRÉDIOS NA REGIÃO METROPOLITANA DO RECIFE

Autores:

Francisco José Costa Araujo 1, 2

Giselle Cristina da Silva 1

Paulo José Adissi 2

(1. Escola Politécnica - Universidade de Pernambuco; 2. PPGEP - Universidade Federal da Paraíba)

INTRODUÇÃO:

A Região Metropolitana do Recife apresenta um quadro alarmante que compromete a imagem da construção civil brasileira. De 1977 até 2004, 12 edifícios desabaram, deixando mais de 30 vitimas fatais e dezenas de feridos. O primeiro caso registrado aconteceu em julho de 1977, foi o edifício Giselle, localizado no município de Jaboatão dos Guararapes. Aproximadamente vinte anos depois, o edifício Aquarela, no mesmo município, afundou e, posteriormente, desabou. Em novembro de 1999, o edifício Éricka, no município de Olinda, desmoronou. Menos de dois meses depois, no mesmo bairro, parte do edifício Enseada de Serrambi também desabou. O último caso foi o do edifício Areia Branca em 2004. Atualmente, somente o município de Olinda há cerca de 60 prédios interditados por risco de desabamento.Tais fatos ocorrem quase sem explicação e sem responsáveis aparentes. O estudo realizado visa avaliar as principais causa destes acidentes e propor a adoção de medidas que venham reduzir o número de desabamentos de prédios em Pernambuco.

METODOLOGIA:

Iniciou-se a pesquisa com o levantamento quantitativo de desabamentos registrados na região Metropolitana do Recife. Foram coletados dados referentes à estrutura das edificações, datas, localizações, número de vítimas e laudos técnicos. Em seguida, foram analisados todos os procedimentos burocráticos necessários para execução de uma obra. Feito isto, inicio-se uma pesquisa de campo avaliando a atuação de cada órgão ligado à construção civil, investigando por meio de entrevistas as causas, as conseqüências dos desabamentos e ainda buscando soluções e medidas preventivas para amenizar os acidentes. Entre os entrevistados haviam vários profissionais ligados à área de execução de construções, de fiscalização e a órgãos responsáveis pela segurança da população. Além disso, moradores vitimados também foram entrevistados.

RESULTADOS:

Constatou-se que dentre os edifícios que desabaram em Pernambuco, cinco destes foram feitos em alvenaria auto-portante, os chamados prédios-caixão. Esta técnica é muito utilizada, pois barateia a obra, mas aumenta o risco de ocorrer acidentes. O fato é bastante preocupante porque se estima a existência aproximadamente de 4.000 a 6.000 prédios-caixão nesta região. No caso dos edifícios Éricka e Serrambi, localizados cerca de mil metros do mar, possivelmente foram negligenciadas precauções em relação à estrutura no que diz respeito às fundações, pois o laudo cita como um fator de influência do desabamento a existência de um lençol freático a cerca de 1,5 metro de profundidade do solo. Em geral, antes da ocorrência de desabamentos, nota-se modificações na estrutura e nas fundações do imóvel como trincas e rachaduras. O edifício Aquarela, por exemplo, teve a sua estrutura afundada em um metro e só desabou dois anos depois, em 2000. Porém, nem sempre é possível prever ocorrência de acidentes. Foi que ocorreu com o Éricka, o prédio nunca havia apresentado sinais como rachaduras ou outros tipos de falhas na construção quando desabou. Detectou-se ainda que a maioria dos desabamentos foi provocada por problemas na fundação do prédio e, sobretudo, pela falta de cuidados básicos na execução.

CONCLUSÕES:

Conclui-se que há necessidade de tomar determinadas medidas antes do inicio das construções, durante a execução e depois do término da obra para evitar os problemas posteriores. Principalmente na Região Metropolitana do Recife, primeiramente, é de fundamental importância fazer uma análise físico-química do solo antes do iniciar a obra, pois o tipo de fundação será escolhido em função do solo. Durante a construção, deve-se fazer um controle de qualidade dos materiais utilizados para garantir a resistência da edificação. Depois de terminada a obra, é ideal realizar laudos periódicos, atestando se há necessidade de reparos preventivos ou corretivos e, imediatamente, tomar as providencias cabíveis. Além disso, o engenheiro deve está sempre atento à responsabilidade civil que lhe cabe e a necessidade de sua constante atualização durante o exercício da sua vida profissional. Os órgãos responsáveis pela fiscalização das obras devem apresentar procedimentos para um controle mais rígido das construções e exigir dos responsáveis, no mínimo, a consciente obediência às normas brasileiras. Outro aspecto importante é conscientizar os moradores a não fazer alterações nos apartamentos, sem verificar os problemas que podem acarretar à estrutura de toda a edificação. Tomando sempre as devidas medidas, pode-se minimizar os catastróficos desabamentos que trazem perdas e danos irreparáveis à população vitimada.

Instituição de fomento: Escola Politécnica - Universidade de Pernambuco

Trabalho de Iniciação Científica

Palavras-chave: Desmoronamentos na construção civil; Alvenaria estrutural; Estruturas em concreto armado.

Publicado nos Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006.

Site: http://www.sbpcnet.org.br/livro/58ra/SENIOR/RESUMOS/resumo_3115.html

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