sábado, 12 de abril de 2008

Saiba como funciona o trabalho dos peritos na cena do crime


A menina Isabella, assassinada no mês passado.

Por Daniel Bittencourt

Toda vez que um caso de grande repercussão toma conta das manchetes, eles entram em cena para solucionar o crime. Quando tudo está resolvido, eles somem e voltam a seu cotidiano profissional, longe dos holofotes. Foi assim quando Daniella Perez morreu, foi assim quando Suzanne Richthofen matou os pais, está sendo assim na investigação que apura a morte da menina Isabella Nardoni, em São Paulo, que foi jogada do sexto andar do prédio onde morava o pai, na zona norte da capital.

Todos esses são casos em que, segundo a lei, o crime deixou vestígios. E é exatamente nessas situações que o Código de Processo Penal brasileiro recomenda que os peritos entrem em cena.

O mistério envolvendo a morte da pequena Isabella tornou-se um desafio para os especialistas da área. O pai e a madrasta foram presos (e depois libertos), suspeitos de terem matado a menina. Eles negam tudo e acusam uma terceira pessoa de arrombar o apartamento, tentar sufocar a menina e jogá-la pela janela.

É aí que entra o trabalho do perito. Até que ponto as evidências da cena do crime batem com as histórias contadas pelos acusados e pelas testemunhas. ‘Ao entrar na cena do crime, a primeira coisa que o perito tem que fazer é estar atento à preservação do local’, explica Erlon Reis, vice-presidente da Associação de Peritos Criminais do Rio de Janeiro, que não quis falar sobre o caso de Isabella.

Depois, os especialistas começam, de fato, a procurar os vestígios deixados pelo criminoso. E, por mais incrível que pareça, a análise do cenário do crime começa por uma inspeção externa e, só depois, avança para onde o fato aconteceu.

A evolução tecnológica ajudou no desenvolvimento das investigações. Hoje é possível, por exemplo, identificar manchas de sangue que foram lavadas e descobrir de quem são as vozes em uma ligação telefônica grampeada. ‘É possível também descobrir, através dos insetos que cercam os cadáveres, se os mortos consumiram drogas, por exemplo’, relata Erlon, explicando como funciona a entomologia forense.

Mas, quem pensa que o DNA também virou instrumento corriqueiro nesse tipo de trabalho está muito enganado. ‘É um exame caro e que só é feito em último caso’, diz Higino Carvalho, perito aposentado e professor de medicina legal da Universidade Gama Filho. ‘Pelo aspecto da lesão, dá para saber há quanto tempo a vítima foi assassinada, por exemplo’, detalha.

Na análise de um crime, o trabalho dos peritos se divide em duas partes: a do perito criminal, que analisa a cena do crime e tudo o que pode ter acontecido por lá, e a do perito legista, que fica responsável por ‘examinar’ a vítima e descobrir o que, no corpo dela, pode haver de informação para ajudar nas investigações da polícia.

O perito criminal pode ter diversos tipos de formação: pode ser químico, físico, biólogo ou mesmo ter feito curso superior em qualquer outra área. O perito legista precisa ser médico e, após concluir a faculdade, escolher trabalhar na área Legal.

Com tantas inovações e tantos recursos à disposição, a conclusão óbvia é ratificada por Erlon Reis. ‘Não existe crime perfeito’.

Matéria publicada no site: www.click21.com.br em 12/04/2008 às 08:49:46

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